Servi no Batalhão Humaitá, 2°BtlInf/DivAnf, no período de março de 1978 a junho de 1982. Foi o melhor período da minha carreira militar de Fuzileiro Naval!
Naquele período, as unidades de Fuzileiros Navais (Batalhões de FNs) da Divisão Anfíbia, como parte do preparo do pessoal e material para emprego militar, fazia adestramento na Ilha da Marambaia, Rio de Janeiro.
Numa destas operações, o Batalhão Humaitá estava abivacado na Praia da Armação aguardando transporte para retornar à nossa base na Divisão Anfíbia, Ilha do Governador, Rio de Janeiro, quando, uma aeronave monomotor surgiu por cima de uma elevação em direção à praia onde estávamos com o motor falhando - cof, cof, cof, ...
A aeronave perdia altura e o piloto a manobrou por cima do local onde estávamos, em direção à praia, de modos que a mesma passou tão baixo que atingiu o elemento irradiante de uma antena RC 292 que estava montada. Sobre a antena RC 292, leia mais aqui!
Nós nos preparamos para o pior! Porém, derepente, o motor voltou a funcionar normalmente, e o piloto manobrou o avião de formas que deu uma volta e fez outra passagem pelo mesmo local e deixou cair uma luva com uma mensagem perguntando se tinha causado algum dano e o número de telefone para contato.
Aí começou a correria do pessoal de comunicações para dá uma resposta ao piloto. O Sargento FN-CN- Ildemar com o qual eu tinha uma grande afinidade, tinha o hábito de, quando o Batalhão partia para uma operação, ele preparava um volume padrão com um regimento de bandeiras, cópias/extratos de documentos de comunicações de formas que ele me chamou para procurar o documento que tratava das comunicações terra-ar.
Como a aeronave havia provocado um pequeno dano no elemento irradiante da antena RC 292, a resposta ao piloto seria SIM! Então, pegamos a bandeira que representa a letra 'Y' - yankee - que, no alfabeto internacional de sinais, dependendo das configurações das demais bandeira, ela pode ser lida e/ou interpretada como 'yes' que significa 'sim', na língua inglesa.
Colocamos no solo sinais para o piloto, como uma biruta informando a direção do vento, painéis que também informavam o sentido da leitura do texto que, na prática era a letra 'Y'.
Após a terceira passagem da aeronave, o piloto fez um giro com as asas do avião informando que tinha entendido o texto.
A antena ficou isolada para possíveis perícias e as medidas burocráticas foram tomadas, conforme as normas previstas para tais situações.
O Comando do Batalhão elogiou a atitude do pessoal de comunicações em viabilizar, em tempo recorde, um canal de comunicação com a aeronave.
Uma das características dos homens e mulheres do mar é a CRIATIVIDADE para dá respostas a situações que não estavam previstas ou não foram, em algum momento, elemento de estudo.
Adsumus!
Pelotão de Comunicações da CiaCmdo/Btl Humaitá. Ilha da Marambaia. 1980. |
Um comentário:
Reconheci na foto alguns companheiros da minha época no BTL. Humaitá (PelCom). Sg Idelmar, Cb Lima, Lopes e Alcides. Os demais não tenho recordação.
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