segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Vida no sítio - Comunidade 'Olho d'Água'

Da vida no sítio entre meus 4 e 8 anos, tenho muitas lembranças. 

Nossa casa era muito humilde.  Casa de 'taipa'.  Para os que não sabem o que é  uma casa de taipa, farei uma breve descrição da sua construção.  É construída com madeiras, barro e coberta de palha que, neste caso, eram as palhas dos coqueiros.

O processo de construção é totalmente artesanal.  A madeira servia para formar a estrutura das paredes que eram entrelaçadas de formas a permitir que o barro fosse colocado formando as paredes. A cobertura feita de palhas de coqueiro que eram folhas verdes e sofriam um processo de manuseio para formar as 'telhas'.

O piso normalmente era de barro.  O fogão de lenha. As panelas de barro! Quem já se alimentou de feijão verde colhido ao amanhecer, debulhado, colocado na panela de barro, no fogão de lenha, sabe do que estou escrevendo!  Acompanhando esta iguaria, peixes de água doce - o terreno do meu pai terminava num rio cuja nascente ficava na cidade de Pureza, Rio Grande do Norte, e desagua no Oceano Atlântico na maravilhosa praia da Barra de Maxaranguape, litoral norte do RN.

No quintal atrás da casa, minha mãe criava galinhas das quais tínhamos os ovos para alimentação e, às vezes, uma era morta para o almoço!  E cozinhada nas panelas de barro no fogão de lenha!

Uma outra iguaria pescada do rio era o famoso pitu camarão, uma espécie de camarão de água doce.  Estes eram pescados por meu pai durante a noite.  Ele costumava fazer uso de um instrumento de pescaria por nome de 'pitimbóia'.  A pitimbóia era formada por um 'landoar' que era constituído de uma rede formando um fundo no qual era colocado as iscas, normalmente coco podre e/ou vísceras de galinhas e sua parte superior presa a uma argola de madeira com cerca de um metro de diâmetro na qual existia um pedaço de madeira dividindo-a e nesta madeira era preso uma vara que permitia seu manejo.  Meu pai gostava de pescar nas áreas em que o rio fazia curvas de formas que a ação da correnteza da água formava o que ele chamava de barranco e na parte submersa os pitus costumavam habitar.

Quando meu pai voltava da pescaria por volta das 23h, as vezes eu estava acordado e minha mãe lavava os pitus e os punha numa panela de barro e levava ao fogão de lenha.  Quando os pitus começavam a ficarem com uma cor vermelha, minha mãe os retirava desta panela e os colocava noutra com leite de coco, coentro, cebolinha verde, pimentão, alho e cebola.  Um verdadeiro manjar dos deuses! Rrsrsrsrsrs! Estes temperos, a maioria minha mãe que plantava numa horta atrás da nossa casa de taipa.

No próximo post escreverei sobre o café da manhã no sítio.

Adsumus!

 

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